sábado, novembro 24, 2007

O grande golpe


73 anos, um rosto coberto de rugas, um quarto sujo e um pão velho... Isso é o que chamam de melhor idade! Quem dera os anos tivessem levado sua memória, no entanto só levaram seu dinheiro, maldito amor que gera frutos os quais roubam sua herança e te internam em qualquer asilo vagabundo. 4 pílulas a cada hora e uma enfermeira com olhos bondosos de quem torce para que o grande dia chegue. Nenhum sorriso. Nenhuma lágrima. A matemática, única coisa confiável, o dissera: são exatamente 13 balançadas da cadeira a cada minuto e um suspiro como gorjeta. Seus amigos? Velhos surdos que ouviam com paciência as artimanhas de um corajoso jovem do século passado, pelo menos não argumentavam nem contestavam. A noite sim, esta te interessava, trazia sempre a esperança de ao fechar os olhos acordar num novo mundo, quem sabe num mundo agradável, mais pensando bem, melhor ficar acordado... Vai que derrepente acorde no mundo quente!
Ainda se lembrava muito bem do dia em que foi parar naquele lugar detestável, era num sábado, mais o carro não foi para casa do seu filho mais novo, Edinaldo, onde era comum o tradicional almoço em familia. Disseram que ali, a 2 kilômetros da sua simpática casa seria melhor. E ainda se lembra da primeirra e ultima visita: vários papeis a assinar e um beijo na testa. Como amava cada um dos seus filhos, os ensinara a pescar na lagoa que hoje não tem peixes, a nadar e ate levou cada um dos filhos homens para conhecer a mocidade quando faziam 13 anos. E agora onde estavam? Quem sabe levando seus filhos homens para conhecer a mocidade quando faziam 13 anos. Como era doloroso lembrar o nome dos filhos, netos e suas datas de aniversário, que por incrível que pareça, são por eles comemoradas. Mais um dia foi palco de uma gradiosa luta de duas poderosas damas, sentia cada tiro, murro ou qualquer coisa por elas manifestada com uma alegria incrível, e quando a aparentimente mais forte deu o ultimo golpe sentio sua cabeça cir pelo ombro e uma onda anestésica de euforia envadir seu ser. Se ainda fosse carne poderia sorrir como uma criança!