quinta-feira, janeiro 20, 2011

DAS COISAS IMPOSSIVEIS – Sem paranóia nem mistificação


Tenho 17 anos, duas irmãs, uma camisa do Bob Esponja e um futuro.
Meu futuro é quase incerto, mas faz tempo que é sempre o mesmo e há quem lhe atribua diversos adjetivos tais quais utópico e todos os seus eufemismos possíveis que são como suco de maracujá do MacDonnald´s – cada vez mais diluído em água.
Se tenho um futuro sonhador, amigos, daqueles que quase se assemelham aos sonhos impossíveis, é porque tenho propósito, que nada mais é do que sonho racionalizado, fantasia que se põe na balança.
Futuro? Que é futuro senão o desdobramento do presente?
O que há depois da pedra no caminho não é Drummond quem me diz, é o Quintana e sua utopia que antes de ser impossível é necessária para o próprio caminhar.
Tenho 17 anos e chegou o tempo em que a terceira escolha é como o terceiro olho de São Boaventura e vai muito mais além do que é tátil. É a pedra, o sedimento e o rio.
E a minha terceira escolha é tranqüilidade e quem sabe assinar uma coluna de alguma revista de circulação. Até lá, ainda terei 17 anos, duas irmãs, uma camisa do Bob Esponja e o meu futuro certo, imóvel, via lácteo)

quinta-feira, janeiro 13, 2011

LEIA-ME


Todas as vezes em que meus olhos se adentram em própria órbita, e todas as vezes que assopro a poeira dos vasos sanguíneos, penso: cadê o eu que estava aqui? O tempo comeu e foi por aqui, foi por aqui, foi por aqui, foi por aqui: Me encontro no fio de cabelo estragado ou na unha que não cresce do dedo mindinho.
E cadê o meu versículo que estava aqui? É como água que com muito esforço vira qualquer coisa a depender das minhas vírgulas esquecidas.
E então, “quem sabe um dia?”
Mas se esse verso não é meu, quem sabe um agora? E se esse tempo ainda não é meu, quem sabe o seu agora? E se essa vida não é minha, quem sabe um tempo em que a vida não era uma só vida, mas vida em conjunto?
Quem sabe ler o que não se escreve primeiro, o que não se pensa depois (mas bem em seguida)? Quem sabe ler, apenas, até o que não está escrito em nada senão em si mesmo? Quem sabe ouvir primeiro, ouvir depois; certamente saberá a hora de falar primeiro, calar-se ou fazer calar depois.
Quem sabe ler-se primeiro, bula de remédio depois, saberá calar-se ou fazer calar primeiro; falar depois ou nunca.
Quem sabe eu repita o que já disse, ou quem sabe não me leia nem antes, nem depois, nem agora. (O sujeito dessa frase pode ser eu ou você, como queira a retina).(Ou quem sabe o eu ou o você seja a mesma coisa, como queira a sinapse inicial).