
No retroprojetor diversas imagens passam como flashes quase instantâneos e subliminares. Há átomos radioativos que viajam com o vento; o mercúrio sobe e atinge o ponto máximo de um termômetro antigo; a água devora e tritura todo um continente; o limão triturado com águas (mineral e ardente) dentro de um liquidificador de bar; é o cantor que protesta, a artista que se despe, a Monalisa que chora.
E então o grito que grita de uma garganta negra; a pele negra ensaguentada; a pele ensaguentada no mercado; tem poeira na América Central e placas tectônicas; tem secadores e ar condicionados; mas há um ventilador e moscas. E há um rio que seca, e há um rio de bochecha e sal. Pílulas, pílulas, xarope. armas, pneus.
Milhares de pessoas espremidas; metrô, cadeia, fila para fila (de comida, de cinema, hospital). Livros e mais livros: traças. Downloads. Dinheiro. Praia. Olho multicolor; foto 3x4.
E os olhos da plateia como vagalumes tontos ao meio-dia. Mas o que é que eu penso agora? Alguém viu minha carteirinha?