
Dia desses perguntaram-me: “Se pudesse ser qualquer pessoa, viva ou morta, quem seria?” E eu respondi. Não digo que foi no calor do momento porque estava chovendo e aqui no Nordeste quando chove as pessoas sentem frio. Também não foi nenhuma surpresa, dado a freqüência com que perguntas desse tipo são feitas... Surpreendeu-me a minha resposta!
Quem eu queria ser? Muito fácil! Eu queria ser aquele moleque frustrado com o sorvete de abacaxi, que mais parecia uma sombra gelada de qualquer outra fruta que havia sido madura a mais ou menos três anos atrás.
Eu seria aquele moço meio torto, quase morto, o gauche da vida. E então teria pedras no meio dos caminhos, Josés para se perguntar as horas, ou simplesmente dizer: “E agora?”. Teria um coração tão grande quanto o mundo ou seria eu Raimundos sem solução!
Poderia então escrever “Moça, flor, email” e nunca ser tão óbvio ou finitamente preso, em finais de ponto e vírgula. Se pudesse ser, quem eu seria? O Carlos. Não precisava nem ser Drummond de Andrade.
E pensando bem, eu já sou gauche, sou meio torto, sou quase morto, mas sou Gustavo. Será que precisa ser Nunes Monteiro?