
Sei que posso estar errado e realmente espero que um dia as opiniões mudem; mas cansei das pessoas. Estou farto de confiar nelas, uso-as como sonífero: vagas e indescritíves me mergulham numa noite sem sonhos, da qual nada sei além do preto que envolve meus olhos. Cansei dos sorrisos convenientes e dos comentários educados que os seguem. Nada de realmente produtivo é dito e o mundo se constroi em cima de segredos... Nem as tão faladas janelas da alma, que seriam então mais confiáveis, puderam escapar: inventaram-se os óculos escuros.
A luz do dia enche de claridade o que antes era negro e só assim posso ver uma única saída: o individualismo. Então me embebedo do doce vinho de mim mesmo, encho minha alma de minha própria alma, faço dos sorrisos longas conversas e das lágrimas longos abraços, redobro-me em personalidades destinhas e até tenho debates internos constantes (nem todas são assim tão amistosas).
E se, por uma suposição prevista, vierem me perguntar se gosto do meu mundo, direi que sim. Esse, por sua vez, é construído pela base sólida dos desejos, tem pilares de ciência e paredes de felicidade; ele é sólido, intacto, previsível e confiável, tem tetos de vidro blindado e chão que está sempre em contato com meus pés. Nele encontro refúgio como a cama quente em noite de frio.
(E ainda há quem prefira amigos imaginários...)