domingo, março 02, 2008

Poema dialético (Murilo Mendes)


É necessário conhecer seu próprio abismo

E polir sempre o candelabro que o esclarece.


Tudo no universo marcha, e marcha para esperar:

Nossa existência é uma vasta espectação

Onde se tocam o princípio e o fim.

A terra terá que ser retalhada entre todos

E restituída em tempo à sua antiga harmonia.

Tudo marcha para a arquitetura perfeita:

A aurora é coletiva.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como vc quer que tenha comentários? Murilo é cronologicamente modernista com influência pesada do simbolismo.

É um poema complicado. Deve-se ler mais de uma vez.

Gostei muito dos dois primeiros versos.

'É necessário conhecer seu próprio abismo

E polir sempre o candelabro que o esclarece.'

É preciso saber onde pisa. Onde vai cair. E se é necessário pular. É precuso também polir [ter cautela?] aqueles que te 'iluminam'. Eles são tão suspeitos quanto teus pés, que te guiam. Eles marcharam [em vão?] sempre embasado na espera. Na dúvida. O princípio e o fim estão interligados, assim como os graus 0e 360. Assim como a dor e o prazer. [tem isso tb em Tomb Raider]

E assim caminha a humanidade. A aurora é coletiva. O sol nasce todos os dias para todo o mundo, mas não da mesma forma.

É uma construção lógica [dialética], e ao mesmo tempo misteriosa.

Não há nada a temer nem a duvidar

Abração!