sexta-feira, maio 28, 2010

To fall in love


A estupidez mais bonita.

Créditos - Palavras de saída para um filme


O "the End" está ultrapassado, é fato. Vai ver porque é tudo ilusão o que se vê... E que finais não existem. É uma convenção pensar que um dia tudo acaba; se o concreto é aparente, o movimento vai muito mais além do visível.
É bem verdade: O movimento é invisível, não pode ser calculado ou sentido como um besliscão ou um beijo apaixonado. O filme, assim, termina quando nos esquecemos dele. É quando nada mais existe, porque o esquecimento sim é o verdadeiro determinante para a modificação. E quem nunca leu um livro sem final não sabe do que estou falando. Eu falo das entrelinhas, do pedaço de alma doado pelos autores da vida real na empatia de se ver no papel decisivo dizendo as palavras decisivas que precedem o final que não existe.
Assim somos todos protagonistas dos nossos filmes, num movimento alternado de escolhas - Escolhas... Elas são difíceis! E me pego eu pensando nelas numa quinta feira a noite. Ou isto ou aquilo, ou ela não sabe gritar, ou um lamento de um blue, ou clarice Lispector, ou a hora da estrela. A estrela sobe. A estrela desce. E eu ainda pensando em autógrafos! -
Os fins são, pois, uma constante mudança. A metamorfose ambulante são vários pontos continuando. E eu a prefiro do que ter aquela velha frase que nunca termina, misturando as ideias, ainda que me roube o fôlego. As poucas vezes que tive crises de asma me bastaram para dizer: Maior bobeira aquela frase que diz que os melhores momentos da vida são aqueles que te deixaram sem respirar.< O que é isso? Um quebra-cabeça, um bem contra o mal, um nunca me esqueça, um ponto final.

terça-feira, maio 25, 2010

Aquele Sorriso


E de repente: choque, estrondo, fulguração. E depois já não há.

Mas sobra sempre aquele sorriso belo e muito simples - não entendo o porquê de tanta complicação quando se fala sobre. É simples, sim, porque mesmo que não diga o que se quer, basta olhar nos olhos para perceber que os músculos foram calculadamente erguidos com um quê de alegria de um náufrago que contempla águas-vivas.

Elas dançam. Se parar para ouvir, sente-se a música, degusta-se o som dos pulmões aquáticos que se enchem e se esvaziam num contínuo prazer em existir. Elas dançam, e os náufragos afundam.

O ar já não há. Nem destino ou malas de roupas ou conversas prontas. Mas há águas-vivas, há música, há sorriso de pupilas que se enchem e se esvaziam num contínuo prazer em deixar de existir, ainda que aos poucos, há minutos que passam...

E de repente: Epifania. Não há música, não há nada.

Só o sorriso continunou.

domingo, maio 16, 2010

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A natureza da saudade é ambígua: associa sentimentos de solidão e tristeza – mas, iluminada pela memória, ganha contorno e expressão de felicidade. Quando Garrett a definiu como “delicioso pungir de acerbo espinho”, estava realizando a fusão desses dois aspectos opostos na fórmula feliz de um verso romântico. Em geral, vê-se na saudade o sentimento de separação e distância daquilo que se ama e não se tem. Mas todos os instantes da nossa vida não vão sendo perda, separação e distância? O nosso presente, logo que alcança o futuro, já o transforma em passado. A vida é constante perder. A vida é, pois, uma constante saudade.Há uma saudade queixosa: a que desejaria reter, fixar, possuir. Há uma saudade sábia, que deixa as coisas passarem , como se não passassem. Livrando-as do tempo, salvando a sua essência da eternidade. É a única maneira, aliás, de lhes dar permanência: imortalizá-las em amor . O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum. (Cecília Meireles)
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Faz um tempo eu quis escrever algumas palavras para você viver mais.

Mas palavras não são mágicas e o tempo é muito curto... Aqui estão todas as palavras que eu não escrevi, aprisionadas numa reticencias - É que o infinito também é uma prisão. Estranho, mas a liberdade aprisiona, e é ainda mais cruel que as barreiras físicas.

Guardo para te dar as cartas que eu não escrevo e os versos que eu não te dediquei.

Guardo para te dar aquilo que não pude.

Para você, toda a minha gratidão e lágrimas.

Para você, tudo o que ainda não existe.