quinta-feira, agosto 21, 2008

Inferno privê - Monólogo do dia frio




Morreram os atores. Meu teatro está face a face com a falência, tremendo as pernas como se viesse o próprio demônio. Nem os pobres românticos sobreviveram: de morte súbita em plena quinta-feira cinzenta. Sinto como se meu sangue entrasse em combustão sem motivo ou razão aparente, sinto como se me envenenasse com próprios venenos de culpa por próprios atos - os que de fato existiram e aqueles que adormeceram no mundo das idéias, esses bem mais tóxicos que os anteriores.
Guerra civil é pouco, vivo em explosões de seis segundos contados, evaporando meu sono cíclico. Seis segundos de longos anos que me apedrejam toda vez que faísca a memória. Palavras... Essas sim são confiáveis! Nem o tédio me surpreende mais.
Estou farto também de me sentir vazio, mundano, fazendo o que nao quero fazer, dizendo o que eu não quero dizer e vendo o mundo se acabar na frieza de frases curtas e mal ditas. Malditas frases curtas.
Boa noite, cadeiras vazias! Que as cortinas se fechem então.

Um comentário:

Anônimo disse...

Foda. Inquietante. Surpreendente!

Já me mostraste ser tão bom e competente com as palavras, mas mesmo assim ainda me surpreendes!

'Estou farto também de me sentir vazio, mundano, fazendo o que nao quero fazer, dizendo o que eu não quero dizer e vendo o mundo se acabar na frieza de frases curtas e mal ditas. Malditas frases curtas.'

Este trecho ficou, no mínimo, espetacular! Mostraste-me que ainda vem evoluindo e ainda tens muito o que mostrar e crescer intelectualmente! xD

Identifiquei-me muito com o texto, visto que, como vc sabe, temos certos [muitos] raciocínios semelhantes!

Abram as cortinas que o show apenas começou!

Abraço, meu velho! Grande abraço! xD