domingo, maio 16, 2010

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A natureza da saudade é ambígua: associa sentimentos de solidão e tristeza – mas, iluminada pela memória, ganha contorno e expressão de felicidade. Quando Garrett a definiu como “delicioso pungir de acerbo espinho”, estava realizando a fusão desses dois aspectos opostos na fórmula feliz de um verso romântico. Em geral, vê-se na saudade o sentimento de separação e distância daquilo que se ama e não se tem. Mas todos os instantes da nossa vida não vão sendo perda, separação e distância? O nosso presente, logo que alcança o futuro, já o transforma em passado. A vida é constante perder. A vida é, pois, uma constante saudade.Há uma saudade queixosa: a que desejaria reter, fixar, possuir. Há uma saudade sábia, que deixa as coisas passarem , como se não passassem. Livrando-as do tempo, salvando a sua essência da eternidade. É a única maneira, aliás, de lhes dar permanência: imortalizá-las em amor . O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum. (Cecília Meireles)
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Faz um tempo eu quis escrever algumas palavras para você viver mais.

Mas palavras não são mágicas e o tempo é muito curto... Aqui estão todas as palavras que eu não escrevi, aprisionadas numa reticencias - É que o infinito também é uma prisão. Estranho, mas a liberdade aprisiona, e é ainda mais cruel que as barreiras físicas.

Guardo para te dar as cartas que eu não escrevo e os versos que eu não te dediquei.

Guardo para te dar aquilo que não pude.

Para você, toda a minha gratidão e lágrimas.

Para você, tudo o que ainda não existe.



Um comentário:

Anônimo disse...

Rapaz, li essa postagem com o plano de fundo 'Hallelujah', na voz de Jeff Buckley, o que quase me fez chorar. E não foi exagero. Fico sem palavras por saber que se trata de algo concreto, não apenas literário.

Aconteça o que acontecer: you will never walk alone. Never.

Abração