segunda-feira, junho 16, 2008

Sem Título


Por muitas veses fui eu obrigado, por meu errado pensamento, ou por pensamentos certos porem errados - o que decerto daria no mesmo - a jogar fora, no sentido conotativo por assim dizer, todas as minhas palavras. Ora pois, como pode um mar viver sem água? Sabendo ainda que o real causador de sua falta foi seu próprio ato, bem ou mal pensado, de um dia qualquer facilmente esquecido no misterioso processo o qual denomina-se vida.

Dizem que palavras nos completam, e uma vez arrancadas de nossas mentes são como peças de um quebra-cabeça, se não guardarmos com justo cuidado se perdem e um dia faltam para que o todo se concretize. Assim me encontro. Fragmentado em meu próprio ato de existir. As palavras que um dia me completaram estão agora em um não sei onde, com qualquer num sei quem, ou pior, um não sei que. Quem sabe no estômago do num sei que, sendo digerido letra por letra, vírgula pro vírgula, de enzimas destrutivas e mal cheirosas. Se assim for, tal ser é hoje abençoado, carrega dentro de si pedaços do meu ser, sonho que volta a ser matéria... Como tudo volta àquilo que foi.

Um dia, confesso, fiquei apavorado com essa onda de matéria. Li em algum lugar que um átomo, sutil e pequenino, que agora está na curva do meu nariz, foi uma vez o átomo da cauda de um dinossauro. Sendo assim, espero que um dia meus sonhos se encontrem em algo imortalmente belo. Como o fiapo da pena da asa de um pássaro ou um daquelas sementes do dente-de-leão: livre em sua tragetória, carregado pelo triste vento em horizontes infinitos. Ou quem sabe nas curvas de uma bela mulher de uma bela futura geração de humanos, geração esta que, em fim, é capaz de pensar - e seguindo filósofos - é então capaz de existir.
Quando falo em futura bela geração de seres, não é por acreditar em um progresso de nossa condição biológica, mas sim por carregar comigo alguma esperança que assim um dia venha a ser. E fico feliz por ter esperança, ja que é nela que reside a felicidade. O conforto de ao menos crer em alguma saida, ainda que vista para muitos como uma ilusão, uma forma de mascarar a realidade. Ainda assim tenho esperanças, ainda assim feliz eu sou...

P.S.: Se hoje lhes confio tais palavras é só pelo desejo de entregá-las a algo superior de onde nunca saiam: as suas memórias.

4 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Se alguém um dia afirmou [levando ao pé da letra] que poeta bom é poeta morto, considerando que só os antigos poetas fizeram algo fantástico, certamente esse alguém não o conhece.

Me esbaldei lendo essa crônica, analisei minuciosamente cada figura de linguagem, cada joguete surpreendente de palavras... E cheguei mais uma vez à conclusão de que vc escreve pra caralho! Sou seu fã mesmo!

Agora fiquei mais ainda na expectativa de formarmos nosso tão aguardado livro!

Se um dia algum indivíduo disser a mim, com um arzinho boçal:

- Sou parente [neto, filho, bisneto, sobrinho ou o caralho a quatro] de Fulano de Tal [Shakespeare, Augusto dos Anjos, Drummond, seja quem for...]

Eu responderei na lata:

- Tá. E daí? Eu sou amigo de GUSTAVO CAIO \o/

[Nem puxei saco agora...]

xDDDD

Abraçooo!

Anônimo disse...

caramba!!! vc está cada vez melhor e mais profundo em cada texto...
deslumbrante, !!!parabéns!!!!

Unknown disse...

Idem aos coments atenriores!


ahh fazer o q..é meu primo né!


Parabéns!
Pode aumentar seu ego meu benhê...você pode!



Amo.